O mercado da beleza não para de crescer. E acompanhando essa evolução, a quantidade de salões de beleza só aumenta. Segundo um levantamento da Associação Nacional do Comércio de Artigos de Higiene Pessoal e Beleza (Anabel), entre 2005 e 2010, por exemplo, o número de estabelecimentos de beleza no Brasil cresceu em torno de 78%, subindo de 309 mil para 550 mil.
Super Recomendo! Beauty Fair 2017
Salão de Beleza: da gestão ao atendimento
Até 2015, a expectativa é que o crescimento também continue acelerado. Porém, em alguns casos, os salões fecham. Muitos empresários que resolvem apostar nesse filão deixam de lado pontos importantíssimos para que o negócio prospere, ganhe credibilidade e se firme no mercado. “O principal erro está na administração. A falta de preparo para visualizar a empresa como um todo acaba causando transtornos em diversos setores, da gestão ao atendimento. Como em qualquer lugar, há ainda problemas como concorrência, elevada taxa tributária, conflitos na gestão de recursos humanos, alto custo do aluguel, entre outros”, diz Marcos Furquim, do Bardot, em São Paulo.
“Como consultor, sempre pergunto aos proprietários qual o motivo do fracasso do negócio e dificilmente eles têm uma única resposta para me dar. Em geral, quando recorrem a um consultor externo, já vêm passando por dificuldades e tentaram reavivar o salão sozinhos. O sinal de alerta máximo é a falta de recursos financeiros ou mesmo uma dívida que não para de crescer”, explica Carlos Oristânio, de São Paulo, expert em consultoria de salões, palestrante e professor em gestão empresarial. Há vários motivos que tornam inviável a continuação do negócio. Nesse momento é importante se capacitar rapidamente para conseguir reverter o fracasso do negócio.
Listamos aqui os 7 erros principais nos salões de beleza – e as soluções – para não errar.
1. Falta de conhecimento
Um caso clássico é o do cabeleireiro que sai de um lugar, recebe a indenização e, com ela, decide abrir seu próprio negócio, já que não quer voltar a ser empregado. Ele pode até ser muito talentoso com tesouras e pincéis, mas, sozinho, não tem como se dedicar à clientela ao mesmo tempo em que administra a empresa. Sem preparo, não saberá vender, controlar, pagar, receber, lidar com situações fiscais, de mercado e muito menos ter experiência para driblar adversidades. Além disso, dependendo do número de clientes, o hairstylist também se frustra porque podia ganhar mais antes como empregado do que como patrão, especialmente nos primeiros anos, período em que é preciso esperar pelo retorno do investimento. Engana-se quem pensa que só porque já trabalhou em salão, sabe tudo. Ao conversar com o maior número possível de colegas de profissão, sempre vai haver histórias de quem investiu e não seguiu adiante. “Em 80% dos estabelecimentos com problemas, o motivo é a gestão. Por isso, sempre digo que um local com uma equipe mediana e uma boa administração dá mais certo do que o que tem um time brilhante e uma conduta administrativa medíocre”, revela Marcos Furquim. A dica no caso da falta de conhecimento e habilidade em gestão de negócios é contratar um administrador, um sócio administrador ou, no caso de salões de pequeno porte, a assistência de um bom contador já pode orientar com alguns fundamentos.
2. Ver o negócio como um hobby
Abrir o salão e não estar presente, acompanhando o dia a dia da empreitada, é um dos caminhos que podem levar ao fracasso. “No segmento de beleza, o dono deve ficar sempre atento. É um tipo de business diferente de uma loja de cosméticos ou posto de gasolina, por exemplo, onde há controle, informatização, câmeras, etc…”, recomenda Carlos Oristânio. Esses recursos preservam em parte a ausência temporária do dono. Já em um salão há um grande número de funcionários, o cabeleireiro e a manicure precisam ser competentes, estar sempre com boa aparência, ter pontualidade, cobrar corretamente pelos serviços, enfim, apenas o dono ou um gerente capacitado podem conduzir o bom funcionamento do estabelecimento.
3. Locação cara e ponto ruim
Alerta vermelho para o aluguel que consome acima de 10% da receita bruta. “Sempre que ele ultrapassa esse limite, o salão se torna inviável e passa por dificuldades financeiras”, alerta Oristânio. “Como o mercado em geral pratica comissões de 50%, em média, mais da metade do faturamento será destinado à folha de pagamento. Sobram cerca de 46% da receita para as despesas fixas, além de impostos e distribuição de lucros. Explico sempre que o valor da locação do imóvel tem de girar em torno de 5% a 7%, para melhorar a lucratividade”, completa Oristânio. No caso de salões de shoppings, onde o aluguel e o condomínio podem ultrapassar os 10%, geralmente as comissões são menores. Já o ponto comercial deve ser compatível com o público a ser conquistado, levando em conta a localização, a arquitetura do local e sua coerência entre o negócio e o cliente daquela região geográfica. “A manutenção adequada também deve estar em pauta, já que ela pode prejudicar a execução dos serviços e diminuir o conforto dos frequentadores”, diz Furquim.
4. Estoque malgerido
Um verdadeiro calcanhar de aquiles do administrador. “É comum eu encontrar no estoque de salões mais grifes do que em muitas perfumarias. Isso demonstra falha na compra, ausência de política de marcas, péssimo relacionamento com fornecedores e sempre leva a empresa a ter um custo muito alto de estocagem”, comenta Marcos Furquim. O erro causado pela parte administrativa também acaba prejudicando as finanças, já que se fica com uma grande quantia presa em produtos e ainda há o risco de desperdício e perda de validade. “Atualmente, manter um pequeno estoque é uma tendência cada vez maior”, complementa Oristânio.
5. Falta de capital de giro
É necessário haver capitalização para que um novo salão opere no vermelho por algum tempo. Independentemente do tempo de retorno, que pode variar de 18 a 36 meses, o proprietário precisa de capital de giro, ou seja, um suporte financeiro para tocar as operações do dia a dia. A empresa estará no vermelho e esse valor vai cobrir os custos. “A média para se atingir o ponto de equilíbrio, quer dizer, quando a receita se iguala às despesas, é de 18 meses, mas há exceções. Após esse tempo, o negócio já deve começar a distribuir lucro mensalmente”, revela Oristânio. Já a elaboração da tabela de preços não é uma escolha aleatória. “Eles têm que ser baseados no custo do serviço, do produto e da margem de lucro. É difícil um cabeleireiro, sem o auxílio de um administrador ou contador, formar os valores corretamente”, completa Oristânio. Assim, ele pode errar para baixo, causando prejuízos, ou puxando os valores para cima, tornando os protocolos caros, inviáveis para a clientela e perdendo clientes para a concorrência. Uma boa estratégia é o dono do salão aprender sobre finanças informe-se mais.
6. Descontrole das despesas
A falta de atenção em relação aos serviços executados no dia a dia, às contas, enfim, ao que entra e sai de recursos, é um dos erros mais graves que o administrador comete e que fatalmente gera prejuízos e facilita desvios. “Uma falha que afunda qualquer salão é a ausência de controle financeiro, não ter um fluxo de caixa, nem consciência do custo fixo e variável do empreendimento. Só com esses problemas qualquer lugar pode ir à falência em questão de poucos meses. A dica é que o proprietário busque auxílio em cursos, como os do Sebrae”, aponta Marcos Furquim. O drama também pode ser resolvido com a assessoria de um bom gestor administrativo. “A instalação de softwares de gerenciamento específicos também é uma ferramenta indispensável para ficar por dentro de todas as entradas e saídas diárias”, diz Carlos Oristânio.
7. Informalidade
Ao apostar em colaboradores sem os direitos garantidos pela CLT, o proprietário deixa o negócio vulnerável a reclamações trabalhistas. Além do registro em carteira, há outras opções, como contratos de autônomos, cooperativas, pessoas jurídicas. O importante é formalizar a relação de trabalho, contando sempre com a assistência de um advogado ou contador. Outro problema em relação a funcionários é que uma equipe malconduzida pode ser um dos fatores de fechamento de um salão. Algumas situações transformam em concorrentes gente que deveria vestir a camisa da empresa. “Há aqueles que se recusam a fazer cursos e acham que sabem tudo; sem contar os cabeleireiros muito competitivos que entram numa guerra de egos e se recusam a trabalhar juntos para agradar a uma cliente, o que impede o crescimento do negócio. Às vezes o proprietário que também é hairstylist sabota a própria equipe, impedindo que outros talentos brilhem”, enumera Marcos Furquim. Ele também acrescenta outros pecados do time: “Falhas no atendimento, como atrasos, fofocas no local de trabalho, expondo a clientela a constrangimentos, e profissionais que só contestam as regras e viram revolucionários em vez de funcionários”, finaliza.
Super Recomendo! Beauty Fair 2017