Profissionais, clientes e donos de salão há tempos se preocupam com a esterilização correta dos equipamentos usados pelas manicures (alicates, espátulas, lixas, etc.) a fim de prevenir a transmissão de doenças como hepatite, aids e micoses. O que muitos esquecem é que o esmalte também pode ser um agente transmissor dessas doenças.
A hepatite é uma doença silenciosa que pode demorar até 20 anos para se manifestar, estudos apontam que 75% população que tem Hepatite C, é assintomática. O vírus da hepatite C, que se mantém vivo por mais de 7 dias no sangue seco, pode se manter vivo por até 15 dentro de um frasco de esmalte. A transmissão no esmalte ocorre depois que a manicure ao retirar a cutícula, fere o local (cutilada ou bife), ocorrendo o sangramento. Ao passar o pincel do esmalte sobre a cutícula e a unha, contamina o pincel com o sangue que ao ser levado pra dentro do frasco de esmalte, armazena ali o vírus por até 15 dias.
ATENÇÃO: O vírus só consegue se manter vivo em esmaltes que não contenham amônia, hipoclorito de sódio ou álcool 70% em sua fórmula.
Mas, como me prevenir?
Listamos algumas medidas para prevenir a transmissão da doença através dos esmaltes.
- Incentive a cliente a trazer o seu próprio material. Algumas clientes já preferem levar o próprio kit de alicates e lixas, incentive-as a trazer também o próprio esmalte.
- Fique sempre atenta à composição dos esmaltes que você utiliza.
- Em caso de sangramento durante o serviço, descarte o esmalte após o uso.
- Tenha mais de um esmalte das cores favoritas das clientes. E, em caso de sangramento, não use o esmalte por 15 dias (o tempo que o vírus sobrevive no esmalte) em outra cliente.
- Utilize kits descartáveis de pintar as unhas. Os kits são formados por pincéis descartáveis e potinhos de vidro (ideal para a quantidade de esmalte necessária para uma esmaltação) que podem ser esterilizados na autoclave.
Falta de informação e conscientização
Em uma pesquisa feira pela SECRETARIA DA SAÚDE DE SÃO PAULO mostra que uma em cada dez manicures paulistana está infectada pelo vírus das Hepatites B ou C. Além do esmaltes, alicates, espátulas e até lixas manipuladas por elas podem ser meios de contaminação. Confira os resultados da pesquisa:
- Todas as manicures usam os instrumentos em si mesmas.
- 85% delas não sabiam que o sangue infectado transmite as hepatites B e C.
- 74% não se vacinaram contra a hepatite B.
- 54% procuram esterilizar seus instrumentos em estufa, mas não o fazem na temperatura e no tempo adequados.
- 26% procuram esterilizar seus instrumentos na autoclave, mas não sabem utilizá-lo corretamente.
- 8% aquecem instrumentos em fornos de cozinha, o que não surge o efeito esterilizador.
- Nenhuma lava as mãos entre um cliente e outro.
A importância de estar atento ao risco de contrair hepatites nos salões de beleza é tamanha que se tornou tema de palestras, nas orientações sobre DST/Aids e hepatites virais que a rede pública de saúde oferece aos cidadãos assistidos pelo SUS. O Ministério da Saúde criou a campanha “Meu Salão Livre das Hepatites” para orientar manicures e pedicures práticas seguras no ambiente de trabalho. O manual com as práticas pode ser acessado no site do Ministério da Saúde.