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Vaidade alimenta setor de beleza no país

Vaidade alimenta o setor de beleza

“Cabelo pode ser cortado. Cabelo pode ser comprido. Cabelo pode ser trançado…” Uma delícia na voz de Gal Costa. Na cabeça das brasileiras, porém, só pode um cabelo: o perfeito. Isso quer dizer lindo e natural, ainda que de natural não tenha nada. E as madeixas de causar inveja devem vir junto com uma pele de pêssego, eternamente jovem. Estão aí duas grandes obsessões de descabelar as mulheres no país. Para garantir o resultado sonhado, elas não medem esforços. E não têm pudor algum de contar quanto custou para chegar lá. A brasileira segue um ritual de beleza rotineiro. Inclui produtos e cosméticos de ponta e visitas regulares ao dermatologista.

Com contornos de estudo antropológico – você sabia que no Brasil a média é de mais de dois banhos por dia ou que 54% das brasileiras têm pele oleosa? – a definição acima integra perfil traçado por especialistas da L’Oréal. A companhia francesa, segunda maior do mundo em beleza e cuidados pessoais, aposta com força no Brasil.

O ganho de renda deu asas às vorazes consumidoras. Em 2013, o segmento movimentou US$ 42,95 bilhões. No mundo, as cifras chegaram a US$ 454,35 bilhões, segundo dados da Euromonitor.

Ao considerar o perfil da brasileira, outro componente faz brilhar os olhos das gigantes da beleza. A diversidade de tipos de pele e de cabelo multiplica a demanda. E as oportunidades para entregar a essa consumidora novidades para garantir uma vida de bem com o espelho.

Esse mercado é disputado fio a fio, creme a creme, por multinacionais e companhias brasileiras. A Natura é líder. Atrás dela vêm Unilever e Boticário. A L’Oréal ocupa o sétimo lugar no ranking.

“O crescimento é volumoso. Em cinco anos, o faturamento da L’Oréal subiu 87%, saltando para R$ 2,20 bilhões em 2013. Já é líder nos segmentos profissional, de luxo e em cosmética ativa. Não à toa, dobrou o aporte no Brasil neste ano para R$ 240 milhões”, diz Didier Tisserand, presidente da companhia no país. O aporte cobre novos centro de pesquisa e sede administrativa no Rio, além de ampliações em linhas de produção nas duas fábricas no país. Sem esquecer da aquisição da fluminense Niely, assinada mês passado. O negócio eleva a companhia à líder em coloração e abre as portas para conquistar a classe C.

A obsessão pela beleza é comum a todas as classes. E as empresas estão atentas a esse potencial de consumo. “A mulher brasileira quer ter o cabelo liso ou sem volume, sem frizz, controlado, loiro ou com brilho. Por causa dessa quantidade de processos que faz no cabelo, acaba se tornando a verdadeira expert do tratamento”, diz Mikael Henry, diretor de produtos profissionais da empresa.

Na prática, isso se traduz no uso de quatro a cinco produtos diferentes só para o cabelo. Se contar a pele, a lista dobra.

A carioca Fernanda Chuquer, atleta profissional de futevôlei, que passa horas sob o sol, não descuida da beleza. “Tenho um ritual diário e semanal de produtos. Sou rigorosa com a alimentação. Faço limpeza de pele e outros procedimentos”, conta a atleta, que criou perfil no Instagram para falar de saúde e beleza.

A obsessão pela beleza e o acesso à informação transformaram as brasileiras em especialistas. Mas é preciso cuidado, alerta a dermatologista Gabriella Vasconcellos: “As mulheres chegam à clínica sabendo o que querem fazer. Mas isso não quer dizer que é o que elas precisam.”

Segundo a L’Oréal, em um ano, o cabelo da brasileira chega a passar por 18 serviços químicos, 240 golpes de chapinha, 500 horas de exposição ao sol. O excesso de procedimentos e o clima acabam pedindo reparação constante.

Para Isabela Bigler, gerente de loja, de 29 anos, a praticidade pesa na decisão: “As marcas perceberam que há busca por praticidade. Com bons produtos, você cuida de pele e cabelo com rapidez.”

 

Fonte: Agência O Globo

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